quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Lembrança de Tio

No seguimento do post do 5º aniversário do falecimento do meu tio, decidi escrever alguns acontecimentos que antecederam aquele trágico momento e que, dependendo da pessoa que os ler, poderá chamar-lhe coincidência ou, simplesmente, coisas do destino.
Antes disso, e muito rápido, este Homem fantástico casou com a minha tia A., irmã mais nova da minha mãe, quando eu tinha 2 anos, ou seja em 1989.
Pouco tempo depois do casamento, penso eu, o meu tio deu dinheiro à minha mãe para ela comprar um fio de ouro para mim. O dinheiro chegou para o fio e para uma medalhinha redonda com a inscrição "L.ça de Tio". Nunca pensei que viesse a servir tão cedo de lembrança por ele já não estar entre nós!
Passaram-se muitas situações antes das incertezas chegarem ao fim e ainda hoje os porquês não me saiem da cabeça: o porquê de fazer aquela brincadeira?; o porquê de festejar o aniversário de casamento naquele ano?; o porquê de dizer o que disse antes de ficar doente?;
Se alguém soubesse o que iria acontecer nos meses seguintes...
Em julho de 2006, no casamento dos meus primos F&C., numa bricadeira, o meu tio deitou-se no chão, fingindo-se de morto. Ninguém se lembrou daquela situação quando tivemos de escolher a roupa para o vestir, e acabamos por decidir pelo fato do último casamento em que ele esteve presente. O mesmo com que, ironicamente, tinha simulado o "estado da partida final". Isto é muito mau de descrever, não há palavras mais bonitas para descrever momentos tão tristes, mas já que optei por ir escrevendo algumas passagens da minha vida, esta, embora eternamente dolorosa, não podia deixar de estar aqui.
Em agosto de 2006, três meses e meio antes do tio J. ficar doente, ele e a minha tia decidiram festejar o aniversário de casamento com toda a família, coisa que nunca tinha acontecido antes. O 17º aniversário! Porquê!? Não era o 18º, nem o 25º! Então!? Pouco tempo depois do falecimento, muita gente se interrogou acerca disto. Dá-nos a ideia de que ele pressentiu o que veio a acontecer.
A última situação que se passou e que me faz ter ainda mais certeza de que há efetivamente coisas do destino, aconteceu sensivelmente em meados de novembro. Tive uma pequena chatice com a minha mãe, como muitas vezes, por coisas sem importância nenhuma e que me fazem ficar chateada, chorona (como sempre). O tio tinha ido dar a volta à carrinha para regressar a casa. Comigo da parte de fora do portão e ele dentro da carrinha, por ter percebido que eu estava chateada, disse ao N.: "trata bem destas meninas!" - a referir-se também à minha irmã que estava connosco.
Não sei bem o que senti naquele momento, mas ficou gravado.
Logo após a sua morte fixei aquela expressão no meu pensamento que daqui não saiu mais. Ele preocupava-se comigo, tinha orgulho em mim e aquele dia foi o último em que teve oportunidade de o demonstrar.
Apesar de ser meu tio por afinidade, o facto de eu frequentar a universidade deixava-o super orgulhoso e até andava em negociação com alguém conhecido para me arranjar um carro para as minhas deslocações a Barcelos.  Dizia ele: "eu vou-te arranjar um carro!".
Infelizmente não viveu tempo suficiente que lhe permitisse realizar aquele desejo, ver-me terminar o curso e arrajar trabalho, estar presente no meu grande dia!
Na altura em que ele faleceu fiquei muito revoltada com Deus, mas nunca deixei de assistir às missas do mês e ainda hoje lhe dedico cada Eucaristia a que assisto.
A mágoa continua aqui, mas quero acreditar que as pessoas que mais amamos e que têm partido para longe estejam a construir algo de bom que não foi possível realizar na Terra.
Onde quer que esteja, está sempre no nosso pensamento e coração e cada ano que passa, é mais um ano de saudade.
Gostava de voltar a vê-lo nos meus sonhos, tal como aconteceu uma única vez desde que partiu... vestido de branco a acenar para mim, para a Zá e para o Z.A.
Um grande beijo!

1 comentário:

  1. E ele estará ao teu lado certamente, no vosso grande Dia.

    Um beijinho!

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